domingo, 30 de maio de 2010
Judô - Esporte e filosofia
Sempre fui metido a ser atleta. Desde 2003, no Coluni, que pratico esporte regularmente e por muito tempo minha paixão foi o Handebol. Me esfolei bastante nas quadras da UFV mas no fim valeu muito!
Depois de algum tempo em Viçosa continuei sendo incentivado pela minha família (principalmente pelo tio Zé Antônio. Obrigado Tio!) a tentar o judô. Uma "criança grandinha e forte" tinha boa chance de se dar bem nas artes marciais e, assim como a maioria acha, ainda mais numa arte que envolve muita força. Hoje eu sei que não é bem assim. Não precisa ser tão forte e muito menos "grandinho".
Muito mais do que para treinar a forma física o judô serve como forma de educar. Claro que temos exemplos diversos de atletas que só se preocupam com ganhar campeonatos e não querem nem saber da filosofia mas o mais importante ainda é o que a arte ensina fora do tatame.
"São nove os princípios que compõem o Espírito do Judo. Eles mostram a maneira de percorrer o "suave caminho" (a palavra japonesa "Judo" é a junção dos ideogramas "Ju", suave, e "Do", caminho), fundamento para o estudo, compreensão e progresso no Judo.
1) Conhecer-se é dominar-se, e dominar-se é triunfar.
Para conhecer suas possibilidades no mundo em que vive, para enfrentar todas as situações que exigem ações e soluções diretas ou indiretas, o homem precisa conhecer a si mesmo, saber quais as qualidades e deficiências que possui, para apresentar harmoniosamente as atitudes ou respostas mais adequadas à necessidade. Na posse íntima desse balanço o homem adquire um melhor controle emocional, uma melhor postura frente ao mundo e uma melhor e mais inteligente utilização de seu potencial. Tudo isso lhe dá maiores possibilidades de triunfar.
2) Quem teme perder já está vencido
O Kiai é definido também como um estado de espírito para vencer, portanto está intimamente ligado a este segundo princípio. Quando, inversamente, entramos em uma disputa incertos, inseguros ou temerosos, nossas forças se desassociam e enfraquecem, colocando-nos à mercê daquele ou daqueles que buscam com mais garra - com mais Kiai - o triunfo.
3) Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade.
A perfeição é de Deus: somente ele é perfeito. O homem pode e deve, entretanto, tentar sempre se aproximar da perfeição em todas as suas obras e durante toda a sua vida. Assim fazendo com constância, sabedoria e humildade, estará também contribuindo para que o mundo seja mais bonito, mais humano e feliz. Estará trabalhando, portanto, para a complementação desse mundo que nos foi dado e pelo qual somos responsáveis.
4) Quando verificares, com tristeza, que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.
Tantos são os mistérios do mundo, tão incipientes são os nossos conhecimentos que considerarmo-nos sábios, ainda que em uma única e simples matéria, seria no mínimo uma enorme ignorância. Isto porque, na medida em que nos aprofundamos no conhecimento de um determinado assunto, vemos que a meta final se distancia e se ramifica em tantas outras opções - nem sempre coerentes, muitas vezes contraditórias - que somos levados a reconhecer com tristeza que nada ou muito pouco sabemos, e que a meta final não se encontra ao nosso alcance.
5) Nunca te orgulhes de haver vencido um adversário. Quem venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.
O orgulho jamais se justifica, porque ninguém é Deus para ter certeza da vitória na próxima luta. A atitude orgulhosa nunca nos leva a boas opções - muito pelo contrário. Como antítese da humildade, o orgulho nos torna arrogantes, soberbos e auto-suficientes, criando à nossa volta um clima hostil. Nem a própria vitória contra a ignorância justificaria o orgulho, pois o saber deve ser um instrumento de realizações para a coletividade e a ela oferecido. A vitória não é propriedade privada nem de uso exclusivo de alguém.
6) O judoka não se aperfeiçoa para lutar. Luta para se aperfeiçoar.
Fosse a meta primeira e única do judoka a vitória em cima do tatame, então sim ele voltaria toda a sua capacidade, todo o seu aperfeiçoamento para essa luta. Mas isso iria tornar o esporte igual a tantas outras lutas, pobres e sem motivos ou ideais duradouros e úteis. Felizmente, as metas do Judô são justamente mais importantes porque visam, como já vimos, um mundo melhor, mais bonito, mais humano e feliz. Esse é o ideal que buscamos.
7) O judoka é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam e paciência para ensinar o que aprendeu aos seus companheiros.
À inteligência que deve ter o judoka para compreender aquilo que lhe ensinam, acrescentamos a perseverança e humildade. Perseverança porque nem sempre possuímos a facilidade no aprendizado, e a demora pode nos levar a abandonar ou negligenciar conhecimentos que nos farão falta. Um pouco de perseverança possibilitará sempre bom aprendizado. Humildade porque sem ela podemos achar que somos sábios e do alto da nossa suficiência não desceremos para aprender o que não sabemos. No transcorrer da vida, há uma seleção natural que escolhe os que transmitirão ensinamentos para as gerações futuras. Assim é no Judô. Aquele que teve a paciência para perseverar durante anos, acumulando conhecimentos e experiências, certamente terá em grande dose a paciência necessária para o ensino do que aprendeu, contribuindo assim para que a grande arte caminhe para o futuro.
8) Saber cada dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem, é o caminho do verdadeiro judoka.
Nos mais corriqueiros atos da vida o homem aprende sempre um pouco mais, pois ele é um ser dinâmico e evolutivo. É significativo o fato de que a maioria dos governantes é de pessoas idosas, mesmo entre os povos mais díspares e em diferentes épocas da História. Isso se explica porque a soma de conhecimentos, o melhor controle emocional e a experiência acumulada durante os anos suplantam o arrojo e o vigor físico dos jovens. Quanto a usar esses conhecimentos para o bem, é uma questão de princípios, inerente ao homem de bem e ao judoka principalmente.
9) Praticar o Judo e educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como ensinar o corpo a obedecer corretamente. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.
Quanto mais acumulamos experiência na prática do Judo e nos aprofundamos em sua filosofia mais fascinante ele se torna, dada a sua abrangente diversidade de valores físicos, morais, intelectuais e espirituais. Essa progressão educa a mente, nos ensina a pensar com velocidade e exatidão, e ensina o corpo a obedecer com precisão." (Sensei Stanlei Virgilio, A Arte do Judo, Ed. Rígel)
Cada pessoa tem seu esporte preferido. Esse é o meu e por isso que eu gosto tanto dele. E você? Qual é(são) o(s) seu(s)? Porque você gosta tanto dele(s)? Comente com a sua experiência aí.
Arigato e abraços
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Empreendedorismo e Universidade - Onde foi que eu errei?
As aulas de cálculo da UFV servem pra muita coisa! Muita coisa mesmo, eu estou falando sério! Servem pra dormir, servem pra pensar na vida, servem pra te fazer amadurecer estudando sozinho... E servem também pra ouvir algumas coisas que fazem bastante sentido.
Certa vez estava eu numa aula de cálculo numérico tentando prestar atenção mas sofrendo do mal pós RU (soooono) mas uma observação pertinente da professora Valéria me fez acordar e pensar muito. Ela falou sobre Isaac Newton. Segundo ela: "... se Newton tivesse estudado na UFV não teria feito metade das descobertas que fez... Ele não teria tempo para pensar na física das coisas com prova de 5 ou 6 disciplinas pra fazer, trabalho, estágio, iniciação científica, etc etc"
Depois de ouvir isso acordei e fiquei pensando no assunto. Sou filho de 2 professores e sempre convivi com conversas sobre educação na mesa do almoço. Cresci vendo as dificuldades de vários níveis educacionais (principalmente sobre ensino básico e universitário). Em que parte da educação eu passei a ser só um "repetidor" do que me era ensinado?
Obviamente não estou dizendo que nós, alunos da UFV, ralamos mais que grandes gênios da ciência. Por favor né?! O foco da questão é mostrar que o que fazemos na universidade toma tanto tempo que não conseguimos parar e raciocinar de verdade sobre o que e porque fazemos algumas coisas.
O ensino da forma que é concebido hoje não estimula a criatividade, a inovação e o trabalho em equipe. Estimula sim a repetição, a "receita de bolo" e, quando é possível, o trabalho em grupo. Pra mim a grande diferença entre grupo e equipe é que trabalhando em equipe você não estará contente a não ser que esteja com os melhores junto de você enquanto no grupo qualquer pessoa serve.
A questão que eu gostaria de saber como responder é: O que pode ser feito para que o ensino crie mais empreendedores? Onde é que isso tudo começa a ficar divergente? Ao meu ver um grande passo é dado dentro das universidades através do movimento de empresas juniores mas cabe a cada pessoa desenvolver seu perfil e suas habilidades.
Abraços
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1) Esse post foi motivado pelo texto da Caterina Fake (não, ela não é "fake" Francisco) que pode ser visto aqui:
http://www.businessinsider.com/caterina-fake-want-to-be-an-entrepreneur-drop-out-of-college-2010-4
e pelo vídeo postado no twitter do Gabriel Chequer :
http://www.youtube.com/watch?v=l8u27KE2gvs
2) Tive de parar no meio da criação desse post "graças" à prova de cálculo 3... ¬¬
3) Mãe, não desespera! Não vou abandonar a universidade faltando tão pouco...
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